Medicina racional e efetiva
O surgimento da escola médica de Cnido e de Cós na Grécia antiga, por volta do século V a.C., trouxe a evolução do conhecimento médico com duas abordagens diferentes, uma mais tradicional e outra mais aberta a novas ideias. Hipócrates de Cós, aluno de Heródico de Selímbria, tornou-se o “Pai da Medicina” ao romper com o culto estabelecido e fundar a “Escola Hipocrática”, que deu à Medicina uma conotação de corpo integrado por disciplinas, indo do diagnóstico ao tratamento e prognóstico. ⠀
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A escola refugou a visão templista do curandeirismo mágico e introduziu visões críticas e racionais numa área antes entregue à magia e à superstição. Hipócrates de Cós repudiou a noção de que as enfermidades eram castigos dos deuses, dizendo serem causadas por agentes naturais, como o calor, o frio, o vento e o sol, alterações do clima, dos ventos, das águas, de desequilíbrios orgânicos e alimentares, e que restituir a saúde dependia principalmente de restaurar as forças naturais do corpo e do espírito. ⠀
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Hipócrates de Cós introduziu o exame clínico, organizou prontuários com histórias clínicas, registrou sucessos e fracassos de tratamentos e criou aforismos médicos baseados na experiência. ⠀
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Com Hipócrates de Cós, inicia-se a fase técnica da medicina, baseada numa suposta relação de causa e efeito, respaldada por um regrismo empírico advindo de observação prolongada, inaugurando não a ciência, mas uma atitude científica e moralizando a medicina pelo famoso juramento, com as ideias de benefício ao paciente e responsabilidade médica.⠀
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Fonte: Medicina Hipocrática: Antes, Durante e Depois, de Carlos Antônio Mascia Gottschall, Coleção Cremers⠀